sábado, 30 de junho de 2012

Jornalistas da Globo News caçoam da crueldade da indústria de foie gras




Por Robson Fernando de Souza (da Redação)
Mais um telejornal repleto de comentários maliciosos e ridicularizantes se opôs aos animais e caçoou de seu sofrimento. Foi a edição da última quinta, 28, do telejornal “Globo News Em Pauta”, da emissora de TV fechada Globo News, no momento em que o apresentador Sérgio Aguiar e três comentaristas falaram, com pontos de vistas variados, da proibição do foie gras na Califórnia.
O destrato ético começa com o comentarista Gerson Camarotti, falando por videoconferência de Brasília, dizendo que gosta do foie gras quando “bem feito” e afirmando que “é difícil ter [foie gras] bem feito”. Ele deixou a entender que já saberia de todo o processo de tortura de gansos e patos, em que são forçados a engolir, com um tubo em seu esôfago, enormes quantidades de milho até que uma inflamação gordurosa inche o seu fígado de modo que ele se deteriore e seja extraído assim depois do abate dos animais. Afinal, é assim que é “feito” o patê de foie gras.
Em seguida, Jorge Pontual, falando a partir de Nova York, descreve, resumidamente mas com exatidão, como é cruel o processo de “produção” do foie gras, noticia que os californianos defensores dos animais convenceram os deputados a proibir a produção, importação e comercialização da iguaria e considera “uma coisa horrorosa” a variedade de produtos baseados nesse patê que vem sendo oferecida nas vésperas da sua proibição na Califórnia.
Porém, sua postura ética acaba aí. Ele passa a afirmar, numa óbvia falácia de apelo à tradição, que “é uma coisa meio bárbara você proibir uma coisa tão refinada, de uma tradição antiga que vem do Antigo Egito, passou pros romanos (…)”, como se tradição e antiguidade abonassem ações antiéticas. Pelo visto, no seu raciocínio lógico, a pena de morte por apedrejamento e a escravidão humana deveriam continuar existindo, visto que eram tradições milenares.
Ele continua sua fala dizendo ser “estranho” que Israel e a Argentina proíbam o foie gras, dizendo “não sei por quê” ao citar o segundo país. Daí ele parte para uma provocação que reflete uma total falta de ética jornalística: “em homenagem a Nora Ephron”, dizendo também “Lamento muito, mas é uma coisa que não dá pra abrir mão”, come ao vivo um pequeno prato com foie gras importado da França. E ainda ousa falar, em ironia maliciosa, “Tadinho do ganso, tadinho do ganso!”.
Beth Pacheco, correspondente de São Paulo, por sua vez, é a única que demonstra alguma coerência e um mínimo de consciência ao opinar, embora tenha sorrido antes durante a provocação do colega de trabalho. Afirma ter “dó do ganso” (ao que Pontual interrompe dizendo que quem tem “dó” dos gansos não teria o direito de proibir os outros de comer foie gras) e fazer campanha, em sua casa, contra o consumo de baby beef, carne extraída de bezerros muito jovens.
Em seguida, é a vez de Gerson Camarotti, que falava a partir de Brasília, opinar. E parte para uma opinião pró-escravidão animal ao dizer que “o ganso (…) é criado pra esse objetivo”. Prossegue com o especismo dizendo gostar de comer carne de leitões pequenos e afirmando que “só quem perde [com a proibição do foie gras] é a clientela”, ignorando que os animais, as grandes vítimas da indústria do patê de seus fígados, ganham.
Jornalismo sem responsabiliade ética
O “Globo News em Pauta” seguiu assim a mesma linha antiética do Jornal da Massa, cujos jornalistas, no final de maio, se investiram em criticar falaciosamente e escrachar a criminalização do abandono de animais. Provocação contra os defensores dos animais, deboche de uma situação cruelmente violenta e defesa da escravidão animal são coisas que deveriam ser criticadas e combatidas num telejornal, e não praticadas e abraçadas.
Os jornalistas Beth Pacheco e Sérgio Aguiar ainda mantiveram um mínimo de coerência. Ela, ao defender, ainda que timidamente, os gansos e também os bezerros vítimas da indústria de baby beef. Ele, ao descrever corretamente que o problema da produção de foie gras é a criação dos gansos e patos vítimas da superalimentação forçada e do abate. Por isso merecem os elogios e agradecimentos da ANDA.
Mas Jorge Pontual e Gerson Camarotti, por sua vez, violaram a ética jornalística e, de certa forma, demonstraram apoiar toda a crueldade a que as aves cujas espécies a lei californiana pretende poupar da exploração são submetidas. E fizeram isso aos risos e ironias, mostrando que para eles a vida e a integridade dos gansos e patos nada vale, que o direito desses animais à vida e à integridade física é inferior ao paladar fútil dos apreciadores de foie gras, algo ainda mais conhecidamente desnecessário nutricionalmente do que a já desnecessária carne.
Esses dois últimos, com todo o deboche que dirigiram contra os animais que são torturados e mortos todos os dias pela indústria do foie gras, dão um exemplo condenável que não deveria ser seguido por nenhum outro jornalista. Sujam, com tal postura, até mesmo a reputação da profissão de jornalista.
A audiência deve protestar, de modo que episódios de depravação ética como esse não se repitam mais. Mensagens de crítica e repúdio devem ser faladas no telefone 40022884, sem DDD, cuja ligação tem o custo de uma chamada local. É possível também se cadastrar na Central de Atendimento ao Telespectador e mandar mensagens de protesto pela via eletrônica.
Protestos podem ser enviados também para os perfis do Twitter @canalglobonews, @gnempauta, @gcamarotti (Gerson Camarotti) e @JorgePontual.
fonte:.anda

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